La construcción de fórmulas: una articulación entre geometría y álgebra
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problemas aritméticos, mas ao estudo de campos de problemas que envolvam outras áreas da
matemática, como é o caso da geometria e do desenho geométrico.
Assim, podemos concluir que um dos problemas da aprendizagem, tanto de álgebra, quanto de geometria
é a qualidade de seu ensino. Entendemos que diversas situações geométricas podem propiciar a
construção de modelos, com a utilização de parâmetros que, além de conhecimentos de geometria
conduzem à compreensão do papel efetivo da álgebra nesse processo. No entanto, temos que considerar
que “integrar a álgebra como instrumento de modelização na escola secundária requer uma mudança
cultural que provoque mudanças significativas dos modelos epistemológicos e didáticos dominantes nas
instituições escolares o que, obviamente, apresenta enormes dificuldades” (Munzón, Bosch e Gascón,
2015, p. 125). É nesse sentido que as pesquisas em Educação Matemática podem apontar alternativas
para o ensino, Segundo Gascón (2003, p. 33) “a Didática da Matemática, como o resto das disciplinas
teórico-experimentais (cada qual em seu âmbito), não pode renunciar à ambição de explicar por que
existe o que existe e porque não existe o que não existe no âmbito das instituições didáticas. Sem isto, a
didática seria apenas um catálogo perfeitamente inútil de descrições a posteriori.
Dessa forma, neste artigo, faremos uma breve relação entre algumas teorias que tratam da aprendizagem
e do ensino de matemática, para então, baseados nelas, fazer uma análise teórica de duas Atividades de
Estudo e Investigação, que envolvem o ensino de geometria por modelos algébricos, especificamente, o
desenvolvimento de fórmulas para o cálculo de medidas de volumes. Cabe lembrar que o foco do ensino
de poliedros nas escolas, como consequência da utilização do livro didático, foca no cálculo de medidas
de comprimento, área e volume, a partir da memorização de fórmulas, muitas vezes sem as justificativas
necessárias para que os alunos construam algum significado para elas.
MATERIAL E MÉTODOS
Para Vergnaud (1999, p.1) o professor não “é o único responsável pela aprendizagem que ocorre em
sala de aula: os alunos têm sua parte no processo dinâmico produtor de efeitos de aprendizagem” e para
produzir esse processo dinâmico deve estudar um conjunto de situações, um conjunto de conceitos e um
conjunto de representações, ou seja, um campo conceitual, para compreender o desenvolvimento e a
aprendizagem dos alunos, pois um conceito não se reduz apenas à definição de um objeto matemático.
Esta teoria psicológica do conceito foca no processo de conceituação do aluno e permite analisar a
relação entre conceitos, enquanto conhecimentos explícitos, e os invariantes operatórios implícitos nas
condutas dos alunos quando atuam em uma situação. Enfim, como professores, temos que entender o
que estamos buscando conceituar, construir classes de situações que conduzam os alunos a agir e a
construir conhecimentos por conta própria. Nesse processo é importante ouvir e interpretar o que o aluno
diz e escreve, porque é dessa forma que o professor identifica o significado que ele está construindo
para o conceito em questão.
No entanto, quando falamos de situações temos que estar atentos às diferenças de seus significados de
acordo com o teórico que utilizamos. A situação tratada por Vergnaud, não tem o mesmo sentido que as
citadas por Brousseau, ou a noção de tarefa de Chevallard, embora todos orientem que elas devem
permitir a ação dos alunos. De acordo com Vergnaud (1990, p. 11) “em princípio, toda situação pode
ser reduzida a uma combinação de relações de base com dados conhecidos e desconhecidos, que
correspondem a outras tantas questões possíveis”.
Um ponto que recai na escolha das situações, a serem trabalhadas no ensino de algum conteúdo
matemático, é a compreensão do professor a respeito da razão de ser de tal ensino. Gascón (2003) aponta
que a escola básica esqueceu a razão do que busca ensinar, isto é, “por quê” e “para que” o estudo de
determinado conteúdo na escola. Se nos detemos apenas na reprodução de modelos na escola, as
discussões matemáticas não aparecem. Chevallard (1992), fazendo uma analogia a um ecossistema
biológico, apresenta a noção de ecologia para mostrar que um objeto matemático não pode viver isolado,
em uma instituição, mas fazer parte de um conjunto de saberes em que um garante a sobrevivência do
outro. É neste sentido que procuramos relacionar o ensino de álgebra ao ensino de geometria, além de
buscar razões de ser para seus ensinos.
Para Vergnaud (1998, p. 3), “quando os alunos começam a estudar álgebra com mais intensidade, eles,
necessariamente, contam com a aritmética e, parte das operações algébricas encontra sua justificativa